O Dia de Finados é reservado para relembrar a memória das pessoas queridas que já estiveram conosco. É um momento de homenagem e, para os religiosos, um momento de oração. No Brasil, essa data é celebrada em 2 de novembro e tem um ar de tristeza e nostalgia, contudo, em outros locais, o Dia dos Mortos não é um período de luto e silêncio. Ao passo que aqui os cemitérios ficam lotados de pessoas que levam flores e realizam orações, há regiões que preparam festas. Ou seja, a lembrança de quem faleceu é resgatada com momentos de diversão e muita animação. Mais adiante apresentaremos como outras culturas honram seus mortos.
A Igreja Ortodoxa e algumas comunidades católicas orientais, no entanto, não reservam especificamente um dia para as celebrações de Finados. Eles rezam em memória daqueles que já se foram durante vários dias do ano, geralmente aos sábados. Quer saber mais sobre o assunto e aprender mais sobre o Dia de Finados? Então, leia este conteúdo até o final!
História do Dia de Finados
Em várias culturas, rezar pelos mortos e prestar homenagens aos entes queridos que já partiram é uma prática muito comum. Os celtas, por exemplo, eram um dos povos que acreditavam em vida após a morte, por isso guardavam um dia do ano para rezar pelos seus mortos.
No entanto, esse não era um ritual muito comum entre os primeiros cristãos. Durante a Alta Idade Média, eles não acreditavam em purgatório, por isso não viam a necessidade de rezar pelos mortos, visto que suas almas “adormeciam” e esperavam o Dia do Julgamento Final.
Ao decorrer dos anos, aconteceram transformações filosóficas e dogmáticas dentro do cristianismo, e a ideia de purgatório, um lugar onde as almas podiam pagar pelos seus pecados terrenos e esperar pela salvação no paraíso, passou a ser aceita.
Dessa maneira, a necessidade de rezar por aqueles que já morreram e, assim, ajudar seus entes queridos na busca por salvação passou a ser um hábito muito comum entre os cristãos.
É dito que o Dia de Finados e seus rituais religiosos se iniciaram na Idade Média. Por volta de 998, um monge francês, chamado Odilo, pediu aos seus companheiros de mosteiro que fossem com ele até o cemitério da vizinhança O intuito era rezar pelos mortos, pois a maioria, que tinha sido enterrada naquele local, não possuía um familiar que rezasse por eles. Após essa circunstância, outros rituais passaram a ser realizados em diversos lugares.
Alguns documentos indicam que, em 732, o Papa Gregório III permitiu que os padres católicos realizassem missas em memória dos falecidos. Depois disso, a homenagem para os mortos se propagou por toda a Europa.
É importante lembrar que, no ano 1000, as pessoas acreditavam que o mundo acabaria. Logo, era importante orar muito para que as almas dos entes queridos pudessem sair do purgatório antes do fim do mundo. No entanto, apenas no século XIII que essa tradição da igreja católica foi instituída e o dia 2 de novembro, um dia após o Dia de Todos os Santos, foi escolhido como data anual para homenagear os finados.
Alguns estudiosos asseguram que o hábito de celebrar os mortos já existia na antiguidade, sobretudo no Judaísmo. Logo, o Cristianismo apenas herdou esse costume.
Como a comemoração acontece no Brasil
No Brasil, embora seja um dia reservado aos finados há muitos anos, somente em 2002 houve uma oficialização da data como feriado nacional. Culturalmente, para o brasileiro, esse é um momento de reclusão, em que são adotados rituais solenes e calmos. É um tempo em que as pessoas vão ao cemitério, levam flores, rezam pelos seus mortos e lembram com carinho e emoção daqueles que já partiram.
Entre os católicos, a realização de missas em homenagem aos finados é uma prática muito comum, incluindo celebrações dentro dos próprios cemitérios católicos. O Dia de Finados é um momento que, sem dúvidas, está diretamente relacionado com a superação e a ressignificação da morte dos entes queridos.
Como são as comemorações em outros países
A concepção de morte é encarada de maneira diferente dependendo da cultura em que se está inserido, por isso os funerais em diversos países têm variados rituais. Já analisamos como acontece no Brasil. Agora que tal conferir como ocorrem as homenagens em outros países do mundo? Continue lendo!
México
O Día de los Muertos, ou simplesmente Dia dos Mortos, diferentemente do Brasil, não é apenas uma data reservada para os finados. No México, as comemorações geralmente se dão do dia 31 de outubro até o dia 2 de novembro.
É uma grande comemoração, em que as pessoas usam fantasias de caveira coloridas, montam altares com as fotos das pessoas que já faleceram, com flores e imagens religiosas. Eles também fazem almoços ou jantares com as comidas e bebidas favoritas dos familiares e entes queridos mortos.
O interessante é que essa data não se limita somente às pessoas que já tiveram uma perda próxima; pelo contrário, é um evento que acaba abrangendo todos e virando uma grande festa. Uma das principais características do dia são as cores. Embora o preto ainda seja comum, cores alegres e vibrantes, como o vermelho e o laranja, também estão espalhadas pelas ruas nesse dia.
O objetivo do evento é celebrar e lembrar com orgulho a memória dos mortos. O povo mexicano acredita que dessa maneira o legado da pessoa que morreu é vivido e fortalecido por quem está vivo.
Espanha
Na cultura espanhola, o dia reservado para homenagear os finados é o 1º de novembro, data também reservada para o Dia de Todos os Santos. Os espanhóis reúnem-se com as suas famílias e retornam às suas cidades natais. Lá, prestam homenagem aos seus entes queridos já falecidos e levam flores aos cemitérios.
Além disso, durante o dia, pelas cidades, são feitas paradas de honra aos mortos para prestar homenagens. Assim como no México, um caráter marcante dessa época, para os espanhóis, é o clima festivo. Roupas vibrantes e alegres são usadas, ainda que em proporções menores quando comparadas às festividades mexicanas.
Quanto à culinária, os espanhóis ainda preparam um doce tradicional desta data, chamado de Hueso de Santos — Osso de Santos, que é uma marca registrada da cultura espanhola em homenagem aos seus mortos.
Japão
O momento de homenagem aos ancestrais, para os japoneses, é uma situação muito especial, mas o Japão não tem uma cultura tradicionalmente cristã, portanto as solenidades em homenagem aos finados ocorrem de maneira diferente. Não tendo uma maneira única de celebração, é mais fácil analisar as celebrações japonesas de acordo com suas províncias.
O primeiro ponto de distinção entre as tradições japonesas e as de cultura ocidental é a data. Na região de Kanto, a celebração acontece no dia 15 de agosto. Com duração média de três dias, as celebrações incluem comidas e danças.
Um ponto de interseção do Japão, do México e da Espanha é, sem dúvidas, o caráter festivo do evento. Uma das tradições marcantes dessa data na cultura japonesa é a limpeza de lápides e túmulos dos mortos, pois eles acreditam que seus espíritos voltam, durante essa data, para visitar os que ainda vivem.
Em alguns lugares do Japão, como em Kyoto, na noite do dia 16 de agosto, são feitos cinco símbolos, semelhantes a uma estrela do mar, com fogo. Esses símbolos são colocados em montanhas como uma saudação aos antepassados.
É comum encontrar no Brasil algumas dessas celebrações aos finados pelo fato de o nosso país ter recebido um alto número de imigrantes japoneses, que fazem questão de manter algumas tradições, incluindo suas homenagens aos mortos.
Frases para o Dia de Finados
Pensamentos e frases que traduzem os sentimentos de luto é uma maneira comum de homenagem aos mortos no Brasil. Trouxemos alguns exemplos que buscam imprimir essa homenagem. Veja:
- “Não existem partidas para aqueles que permanecerão eternamente em nossos corações.”
- “A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo sem tirá-las do meu coração.”
- “Saudade é um sentimento que, quando não cabe no coração, escorre pelos olhos.”
- “Sentimos saudades de certos momentos da nossa vida e de certas pessoas que passaram por ela.”
- “As boas lembranças que tenho de você sempre vão secar as minhas lágrimas e me fazer sorrir.”
- “Eu sei que hoje o dia para você está cinza e feio, mas tente pensar que o céu está em festa e muito mais bonito por receber mais uma estrela.”
Independentemente da crença, com essas mensagens é possível levar alívio e afeto para as pessoas que perderam um ente querido, afinal, mesmo que seja difícil consolá-las, há nessas frases uma demonstração de carinho e apoio.
O Dia de Finados pode ser uma data difícil para algumas famílias. Sabemos que a perda de um ente querido deixa um enorme vazio, um espaço de saudade nos corações. Em entrevista à BBC, Maria Helena Pereira Franco, psicóloga, estudiosa do luto e professora da PUC-SP, esclarece que
“[…] a morte é natural, é universal, e não pode ser tratada como um tabu. […] As culturas e as sociedades vivem o luto de acordo com a herança que vem há séculos e vai dando sentido a uma experiência importante como a morte, carregada de significados próprios que passam pela espiritualidade e pela religião.”
Perceber como outros lugares e culturas lidam com a morte nos faz ter um olhar mais abrangente sobre o Dia de Finados. Assim, podemos notar que também existem comemorações festivas, repletas de cores e carinho com os ancestrais.
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