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Como falar sobre a perda com filhos pequenos

Entender como funciona a mentalidade infantil pode ajudar na hora de falar sobre a perda com filhos pequenos

Como falar sobre a perda com filhos pequenos
Imagem: canva.com

 

Apesar da morte ser um tema delicado e de difícil abordagem a crianças de todas as idades, está presente na vida dos pequenos mais do que imaginamos. Ela se faz presente nos livros infantis, nos filmes – exemplo ”O Rei Leão”, onde os pais do Simba morrem e ele passa a viver sozinho, nos vilões que são mortos, entre outros.

A perda se faz presente até nos mínimos detalhes como uma planta ou uma flor que murchou ou mesmo pelas notícias na TV. De certa forma, os pequenos já estão envolvidos no assunto da perda, nem que seja de forma inconsciente.

Como falar sobre perda com filhos pequenos?

Como falar para os pequenos que o animalzinho de estimação morreu ou que eles não verão mais o vovô ou a vovó? É um assunto muito delicado que requer um certo preparo psicológico para que eles não sejam pegos de surpresa.

A Doutora em Psicologia e educadora Adriana Fredman, avalia que a partir dos 3 anos de idade, a criança já sabe distinguir sobre quem está presente ou ausente.

Assistindo a Bambi ou O Rei Leão, ela vai acessar as perdas pelo canal da fantasia. Aí notará se o bicho de estimação morreu ou se a planta murchou. Muito antes de a criança falar disso, ela já vivência o tema, ressalta a Psicóloga.

Adriana ainda afirma que a conversa é fundamental para preparar os pequenos para o assunto. Nunca em hipótese alguma deve-se mentir para a criança, dizendo que o peixe dormiu ou que o cachorrinho fugiu, caso ela perceba por meio de conversas entre ou adultos ou algum deslize que a história a ela contada é mentira, isso fará com que a criança perca a confiança..

O também psicólogo e autor do livro ”Trauma e Separação”, Júlio Peres, afirma que aos 6 anos idade, a criança ainda não entende que a morte é algo irreversível.

Nessa fase ela não difere fantasia da realidade, acredita que, assim como nos desenhos animados, dá para se levantar depois que cai uma bigorna na sua cabeça, enfatiza.

Para ele, deixar que a criança entenda por si só a perda é muito válido, como identifcar a morte de um inseto, de uma planta ou até mesmo da sementinha de feijão, para ele essa é a melhor maneira de fazê-los entender aos poucos que tudo tem um prazo de validade.

Obviamente que a perda de um animal ou algum objeto não pode ser comparada a perda de alguém querido, mas, é uma entrada para que os pequenos se prepararem para a ideia do nunca mais.

Apesar deste preparo inconsciente, é claro que, quando ocorre um óbito as coisas mudam drasticamente, tudo dependerá do grau de proximidade da criança com o falecido, como foi essa morte, qual a crença empregada pela família, a personalidade dela e uma série de outros fatores.

O desgaste da família em relaçã aos trâmites do funeral, por vezes gera estresse em toda família, podendo fazer com que os pequenos sintam essa onde de desgaste emocional.

Uma boa opção para sanar este problema é quando a família possui um plano funerário em que não precise ficar à frente 100% dos trâmites durante um dos momentos mais dificeis da vida.

Deve-se observar alguns pontos na hora em que o assunto for abordado para que a criança não seja pega de surpresa. São eles:

Como abordar o assunto

Nada de utilizar uma linguagem difícil ou com muitos rodeios, é importante que o adulto aborde o assunto com o pequeno de uma forma natural, apesar da dor da perda ser grande, é necessário que haja em primeiro lugar um preparo por parte da pessoa que será responsável por dar a notícia a criança. Mantenha-se calmo.

Nada der dizer a ela que a mãe foi viajar, que o papai dormiu para sempre ou que o primo virou uma estrelinha no céu.

O Psicólogo Júlio afirma que isso pode gerar traumas irreparáveis nos pequenos.

Eles ficam imaginando por que o papai do céu não deixa vir visitar, podem ficar com medo de dormir e não acordar mais, ou do pai ir viajar e nunca voltar, orienta. Quanto mais simples e direta for a explicação, melhor.

Cerimônia de velório

A decisão de permitir que a criança participe do velório, do ritual de cremação ou até mesmo visitar um familiar que esteja em estado terminal é algo muito particular e dependerá muito dos valores de cada família.

Há quem acredite que expor as crianças a locais onde há pessoas chorando, um ambiente triste e pesado pode ser desgastante e gerar mais confusão na cabeça dos pequenos.

Por outro lado, há quem acredite que permitir as crianças participarem de ritos quando ocorre uma perda agrega valores, mostrando que a família deve sempre estar próxima e unida em todos os momentos, sejam eles alegres ou tristes.

Antes de tudo, é importante que o adulto faça uma autoavaliação sobre o seu estado emocional, se terá condições de prestar suporte a criança.

Deixá-la ciente que a mesma estará indo para um lugar onde o ente querido estará deitado, com os olhos fechados e impossibilitado de falar, ouvir ou fazer quaisquer outras coisas.

Deixar a criança ciente também que o ambiente estará ”pesado”, com pessoas em choro e lamento, detalhar até os mínimos detalhes como as flores e coroas que podem estar no ambiente.

Após essa conversa aberta e franca, deixe que a mesma decida se quer ou não participar.

Caso ela queira, é importante que o adulto esteja pronto e disponível para deixar o local, caso a criança não se sinta confortável e queira ir embora.

Depois da perda

Esteja pronto para quando a criança questioná-lo com perguntas como ”a titia se alimenta no lugar onde ela está?” ou ”Quando o vovô irá voltar pra casa?”, isso é muito comum nos primeiros tempos.

Não existe uma resposta padrão para esse tipo de questionamento, tudo vai depender muito da crença da família, é importante que você passe para ela aquilo em que você acredita.

Quando não souber o que responder, apenas diga que de fato, a perda é algo misterioso e não dá para saber com exatidão o que acontece com uma pessoa quando morre, apenas diga que você acredita nisso e há pessoas que acreditam em outras coisas.

Dê tempo ao tempo, a criança também passa pelo luto, é muito natural aos pequenos regredirem em determinadas coisas que já haviam deixado de fazer, como exemplo fazer xixi na cama, ou deixar a comida no prato, não brigue, seja compassivo, isso passará em breve.

No caso, dos mais grandes, eles podem apresentar um comportamento mais agressivo, ter uma queda no rendimento escolar ou não conseguir dormir à noite, como antes. Ajude-o no que for necessário.

Se isso não passar em um período médio de dois meses, é importante que você busque ajuda psicológica.

Quanto ao meu luto

Quanto ao seu luto, ele deve ser vivido e respeitado. Não existe um período certo para a saída do luto e isso, depende de pessoa para pessoa.

Não hesite em chorar ou demonstrar seus sentimentos perto do seu filho, isso fará com que ele veja o que você sente e se sinta à vontade para expressar também o que está sentindo. Muitos adultos querem ao máximo poupar suas crianças de desalentos, mas isso é algo inevitável, e quando mais unida for a família, mais fácil será superar a dor da perda.

Buscar com que a vida volte ao normal o quanto antes é a melhor maneira de encarar o luto e fazer com que ele passe mais rápido do que esperamos.

Sobre o Autor

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