Dívidas estão entre os principais problemas enfrentados pelos idosos. O endividamento de pessoas acima de 60 anos é assunto sério e motivo de preocupação para as famílias, já que é a faixa de idade mais exposta ao superendividamento. Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito, SPC, aproximadamente um em cada 3 idosos está com nome sujo, com dívidas junto a bancos e lojas e sem condições de pagar. Mais ainda: a velocidade do superendividamento da faixa da terceira idade cresce em ritmo maior que nas demais camadas da população.
O culpado pelas dívidas dos idosos
Crédito consignado é o vilão que compromete a renda da maior parte dos idosos com contas para pagar acima da capacidade de pagamento. De um dia para outro, 30% da renda do aposentado fica comprometida por empréstimos que levam anos a serem pagos. E daí vem o efeito cascata, pois começa a faltar para cumprir contas básicas, como água, luz, telefone, remédios e planos de saúde para idosos.
Inflação na terceira idade
O reajuste para os aposentados do INSS que recebem um salário mínimo foi de 8,91%, e para quem recebe acima do mínimo foi de 5,93% em 2023, abaixo da inflação real da maioria dos idosos, cuja renda fica comprometida com alimentos, saúde e remédios. Para se ter uma ideia, os alimentos e bebidas aumentaram 11,64% em 2022. Planos de saúde subiram acima de 15%, além do aumento de valor quando há troca de faixa etária. E tem os custos dos remédios, que empatam ou ganham da inflação via de regra. Ao passar dos anos os custos com saúde do idoso passam a pesar cada vez mais no orçamento, pressionando ainda mais uma renda já comprometida na fonte com instituições financeiras. À medida que o tempo passa, o custo da terceira idade aumenta.
Estatuto do idoso e superendividamento
Idoso não está livre de pagamento de dívidas excessivas, porém é possível, via Lei do Superendividamento pedir, na Justiça, a repactuação das dívidas, onde os credores também são chamados, a negociar. Na audiência, você pode apresentar um plano de pagamento com prazo máximo de cinco anos para quitação. O juiz determinará o valor máximo da renda do idoso a ser comprometida na negociação. Para dívidas totais de até 40 salários mínimos, não é obrigatório ter advogado, pode ser feita via Juizado Especial Cível e alguns Procons recebem a solicitação online. Detalhe: a lei do superendividamento não protege compras de luxo e ações de má-fé e sim: contas de água, luz, telefone, gás, etc, boletos e carnês de consumo, crediários, empréstimo com bancos e financeiras (inclusive cartão de crédito) e parcelamentos.
Assédio a idosos para crédito fácil
É comum as pessoas da terceira idade serem abordadas por telefone por empresas oferecendo crédito a juros altos de olho na vulnerabilidade e na certeza do recebimento, no caso do consignado, já que o valor das parcelas são debitadas diretamente do valor da aposentadoria. Assédio ao idoso é proibido pela Lei do Endividamento – Lei 14.871/2021: ‘Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não: IV – assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, principalmente se trata de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada, ou se a contratação envolver prêmio;
Idoso que sustenta família
Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito, metade dos idosos arcam com a maior parte do sustento de suas famílias no Brasil e 90% deles colaboram parcialmente para a renda da casa. São rendas comprometidas e que precisam de máximo cuidado para não se tornarem novos superendividados.
Consequências emocionais
- Estresse e ansiedade:
- O endividamento pode causar estresse financeiro significativo, resultando em ansiedade constante sobre as dívidas e a capacidade de pagá-las, afetando o bem-estar emocional dos idosos.
- Depressão:
- O endividamento pode levar à depressão em pessoas idosas. A sensação de estar preso em uma situação financeira difícil e a falta de perspectivas de melhoria podem levar a sentimentos de desesperança, tristeza e falta de interesse em atividades cotidianas.
- Baixa autoestima e vergonha:
- Os idosos podem sentir vergonha de sua situação financeira, especialmente se se perceberem como sendo responsáveis por suas dívidas.
- Isolamento social:
- O endividamento pode levar ao isolamento social. Os idosos podem evitar o contato com amigos e familiares devido à vergonha ou ao medo de serem julgados por sua situação financeira. A falta de recursos financeiros também pode limitar a capacidade de participar de atividades sociais.
- Impacto nas relações familiares:
- O endividamento pode causar tensões nas relações familiares, especialmente se os idosos tiverem que depender de seus familiares para ajudá-los financeiramente. Isso pode levar a conflitos, sentimentos de culpa e ressentimento. Dificuldades dos idosos para quitar dívidas
- Renda limitada:
- Muitos idosos dependem principalmente de sua aposentadoria como fonte de renda, que geralmente é menor do que o salário que recebiam durante a vida ativa. Essa renda limitada pode dificultar o pagamento das dívidas existentes.
- Restrições de acesso ao crédito:
- Devido à idade avançada, os idosos podem enfrentar dificuldades para obter crédito adicional ou renegociar suas dívidas. Instituições financeiras podem impor restrições devido ao risco percebido de inadimplência.
- Aumento dos custos de saúde:
- Os idosos costumam ter maiores despesas médicas e de cuidados de saúde, o que pode comprometer ainda mais suas finanças. Esses custos extras podem dificultar o pagamento de dívidas existentes ou atrasar o processo de quitação.
- Limitações físicas e mentais:
- Alguns idosos podem enfrentar desafios físicos ou cognitivos que dificultam a geração de renda adicional, como trabalhar em período integral ou assumir empregos que exijam esforço físico.
- Dependência de terceiros:
- Pessoas de mais idade podem depender de ajuda de familiares ou cuidadores para lidar com suas finanças. Isso pode levar a conflitos familiares ou à exploração financeira, tornando mais difícil o pagamento das dívidas.
- Falta de conhecimento financeiro:
- Nem todos idosos podem não ter recebido uma educação financeira adequada ao longo da vida. Isso pode resultar em dificuldades em gerenciar efetivamente suas finanças e tomar decisões financeiras informadas.
Prevenção ao endividamento do idoso
- Liste todas as dívidas atuais, prestações e prazos e faça um cálculo do total devido. Caso a sua sobrevivência esteja ameaçada por dívidas, busque negociar com credores ou acionar a Lei do Superendividamento
- Veja onde há espaço para cortes ou renegociação, ou descontos
- Separe os gastos entre essencial, desejável e supérfluo
- Mesmo que pouco, reserve uma poupança mensal
- Envolva a todos na discussão do orçamento familiar
- Quanto mais longo o parcelamento, mais juros se paga, mais caro fica. Busque prazos curtos e sem juros
- Fuja do compre agora e pague depois
- Lembre-se de que as despesas com material escolar, IPTU, IPVA. e funeral pode desequilibrar o seu orçamento.
- Nunca use o limite do cartão do cartão de crédito ou cheque especial, apenas em último caso
- Atrasos no pagamento de contas geram multas que impactam no orçamento
- juros e multas.
- Não existe crédito “fácil”. Lembre-se de que não existe “dinheiro de graça.”
- Antes de aceitar financiamento, faça cotações com concorrentes
- Evite assumir dívidas em benefício de terceiros, emprestar seu cartão de crédito ou mesmo seu nome.