A morte e o luto são encarados de diferentes maneiras pela humanidade. Essa é uma discussão filosófica, científica e principalmente religiosa. É nesse contexto que muitas pessoas procuram saber o que é a reencarnação, e a resposta para essa pergunta pode gerar uma longa discussão.
A ciência não tem uma opinião formada sobre esse assunto, mas, por trabalhar com dados e evidências, a questão do pós-morte fica em aberto nas discussões. Ian Stevenson foi um psiquiatra e estudioso que dedicou cerca de 40 anos para pesquisar os fenômenos paranormais, entre eles a reencarnação.
O próprio Stevenson admite uma lacuna em seus estudos: eles não mostram como uma consciência sobrevive à morte física e ingressa em um novo corpo. Então, o importante seria buscarmos nas religiões a resposta para esse fenômeno. Algumas têm visões opostas, outras semelhantes.
Quer saber mais sobre esse assunto? Então continue a leitura e veja qual a finalidade da reencarnação em cada contexto religioso!
Espiritismo
Allan Kardec foi autor, escritor e educador francês que codificou as obras básicas do Espiritismo. Ele foi discípulo de Johann Heinrich Pestalozzi, um dos pioneiros da pesquisa científica sobre fenômenos paranormais.
Dentro da doutrina espírita, a reencarnação desempenha um papel fundamental na relação entre o homem e Deus. Para os espíritas, a volta do espírito, mas em outro corpo físico e em um diferente contexto, como em uma nova família e até mesmo em diferentes nações, é a maneira como se dá a evolução e o aprendizado do espírito.
No Espiritismo, a ideia de morte é descartada, afinal, viemos de um plano espiritual e para ele voltaremos após a morte terrena. Nessa relação, está sustentada a Justiça Divina, pois quem pratica o mal recebe a oportunidade de se tornar um espírito melhor por meio de inúmeras reencarnações. Todo esse caminho evolutivo é guiado pelos chamados Espíritos de Luz, os quais são espíritos mais evoluídos e preparados para ajudar.
O Espiritismo é uma doutrina cristã, pois segue os ensinamentos de Jesus Cristo presentes na Bíblia. Os adeptos dessa doutrina se orientam a partir dos ensinamentos do evangelho em busca de uma reforma espiritual e do desenvolvimento do espírito humano.
Budismo
Na concepção budista, diferentemente do Espiritismo, a reencarnação não funciona como um agente de Justiça Divina ou evolução espiritual. No Budismo, todas as ações más e boas são tratadas aqui mesmo, na Terra. Logo, eles também não possuem a concepção de céu, inferno ou purgatório dos cristãos.
A reencarnação na visão budista nada mais é que deixar a vida física, nesta Terra Impura, e fazer a passagem para a Terra Pura. Todavia, essa passagem só acontecerá quando os seres completarem a roda das encarnações.
A roda das encarnações consiste no ciclo que o espírito fará voltando em diferentes corpos terrenos. Sendo os animais a casta mais baixa e os humanos a casta mais alta, quando finalmente o espírito se encarnar na vida humana, ele estará pronto para fazer a passagem e deixar a Terra Impura. A passagem será guiada pelos seus entes queridos que partiram.
A Terra Pura é descrita como um lugar bonito, onde todo o bem que se quiser fazer ao outro se realizará. Ao atingir esse estágio, o espírito fica nesse lugar durante algum tempo, depois ele pode ir para um plano mais sublime ou voltar para essa vida.
Judaísmo
Diferentemente do Budismo e do Espiritismo, os quais possuem visões claras e detalhadas do pós-morte, os judeus não possuem uma visão específica. Dentro do Judaísmo, a concepção de vida após a morte, reencarnações e planos espirituais ainda é muito turva. Os judeus concordam que a alma é imortal e acreditam na possibilidade da existência de céu e inferno, no entanto não possuem uma visão muito clara sobre como se dá esse processo.
A chegada do Messias, para os judeus, é que trará a salvação da alma por meio da ressurreição. Mas, como o Messias ainda não veio, a relação entre a alma e a vida após a morte fica incerta. Dessa maneira, eles focam em viver a vida terrena da melhor maneira.
Quando observamos a relação dos judeus com a morte, a valorização da vida terrena e seus laços é prioridade. Dentro dessa religião, são estabelecidos rituais bem complexos e abrangentes para antes e depois da morte. O Judeu que está próximo do falecimento, por exemplo, precisa deixar tudo em ordem, se despedir de todos os seus familiares, fazer os inventários e não deixar nenhuma pendência terrena.
Após a morte, eles adotam um rígido ritual de luto, chamado de Shivá. É um processo importantíssimo dentro das considerações religiosas dos judeus. Durante esse período, por exemplo, os homens não podem se barbear e são proibidas festas durante um mês de falecimento do familiar.
Umbanda
No início do século XX, as manifestações de Pretos Velhos e Caboclos eram proibidas, pois, além de serem considerados espíritos inferiores, havia também um preconceito muito forte na sociedade em relação às religiões de matrizes africanas.
Entretanto, foi em 1908, dentro de um centro espírita em Niterói, que o médium Zélio Fernandino de Moraes esteve em contato com o Caboclo das Sete Encruzilhadas. O Caboclo transmitiu para o Babalorixá seus ensinamentos para a criação de uma nova religião: a Umbanda.
Para a Umbanda, existem vários planos espirituais e a Terra, no plano material, ocupa seu espaço em meio a essas dimensões. Nosso mundo faz parte de uma das etapas do ciclo evolutivo, o qual tem como base a reencarnação.
O objetivo da reencarnação na doutrina umbandista é o melhoramento do espírito, para que tenhamos uma consciência e um caráter melhores do que tivemos no passado. Todo esse processo é guiado pelos espíritos, que já estão mais evoluídos, na concepção dos planos.
Cristianismo
Os cristãos não acreditam em reencarnação, mas, sim, em ressurreição e, diferentemente dos Judeus, que ainda aguardam a vinda do Messias, para os cristãos o Messias já veio e ele é Jesus Cristo.
O Cristianismo possui visões mais objetivas do pós-morte: ao deixar o plano material, o homem não é mais submetido ao tempo e ao espaço, dessa maneira céu e inferno não são espaços geográficos e sim estados. O velório é o ritual de passagem, em que as pessoas têm a oportunidade de se despedir do ente que partiu.
No céu é onde acontece a vivência plena de Deus e o inferno retrata o distanciamento de Deus e do seu amor. O purgatório é onde o espírito tem a oportunidade de ser purificado de seus pecados.
A determinação do local para onde a alma vai e como os pecados do ser humano serão julgados acontece no dia do Juízo Final. As boas almas ressuscitarão e viverão no paraíso, já as ruins ficarão distantes do Criador.
Superar a morte de um ente querido nem sempre é um processo fácil. A religiosidade e a espiritualidade são importantes fatores que auxiliam muitas pessoas a ter uma esperança de reencontro.
Nesse contexto, o respeito é sem dúvidas um dos elementos fundamentais de caráter do homem, por isso a tolerância religiosa é um princípio básico para viver em sociedade. Entender que somos todos iguais, independentemente de religião ou credo, faz parte desse caminho de melhoramento do nosso caráter.
Considerando tudo o que apresentamos neste texto, ao responder o que é reencarnação, um ponto de concordância é a evolução da humanidade e a nossa transformação em seres melhores.
Notou como a reencarnação é diferente dependendo da religião? São muitas abordagens interessantes sobre o assunto! Quer saber mais? Então veja aqui como a vida após a morte é vista pelas diferentes religiões!