Você sabe o que é taxidermia? Trata-se da modernização da antiga técnica de empalhamento de animais mortos, o que contribui com várias áreas. O procedimento conta com estudos constantes, além de exigir amplo conhecimento e habilidades bastante desenvolvidas dos profissionais.
Essa prática é frequentemente associada ao uso decorativo de animais empalhados, que estão presentes em muitos filmes internacionais. Porém, um taxidermista pode atender a diferentes públicos. Apesar de pouco conhecida, a taxidermia tem um papel importante para a biologia e para a educação ambiental, pois permite o estudo das espécies, a reprodução das suas características e também a conservação de animais que entraram em extinção.
Se você pretende entender melhor sobre a taxidermia, o que é, a origem e como ela é feita no Brasil, continue a leitura!
O que é taxidermia?
Em linhas gerais, taxidermia é a técnica mais moderna para empalhar animais, exclusiva para as espécies vertebradas. Apesar da semelhança com o empalhamento, que era feito em barro e palha, a prática atual conta com recursos para a criação de um corpo artificial com maior riqueza de detalhes.
Ela vem das expressões gregas “taxi“, que significa dar forma, e “dermia“, que se refere à pele. Os profissionais usam apenas a pele ou as escamas dos animais e precisam de muita exatidão para recriar sua forma fielmente. O procedimento também pode ser feito completamente com materiais sintéticos.
Esse termo é muito geral e engloba técnicas e objetivos diferentes. É comum ver o fruto desse trabalho em escolas, museus, empresas, teatros, cinema e laboratórios. Apesar de ter um importante papel no estudo da biologia, também pode produzir peças para uso particular, como a decoração de casas.
Para fins pedagógicos, a taxidermia permite ao aluno observar um animal que jamais encontraria em seu meio. A perfeição nos detalhes é importante para isso e enriquece muito os estudos.
Nesse sentido, é uma maneira de eternizar espécies exóticas ou que entraram em extinção, como um legado para o conhecimento humano e para a compreensão da vida na Terra. Além disso, é um importante recurso didático para cegos ou pessoas com baixa visão, que podem aprender por meio do tato.
Existem basicamente duas vertentes para o estudo feito com o auxílio da taxonomia: a visual, disponível em museus, e a científica, que proporciona aos cientistas a oportunidade de analisar um animal sem a necessidade de ir até o seu habitat.
Como a taxidermia surgiu?
Sua origem não é muito exata, porém os registros mais antigos de empalhamento de animais são do império egípcio em aproximadamente 2.500 a.C. O nome taxidermia foi usado pela primeira vez em 1803, no livro Nouveau Dictionnaire d’Histoire Naturelle, escrito por Louis Dufresne do Museu Nacional de História Natural em Paris, França.
O procedimento ganhou muita popularidade na Inglaterra, no século XIX, quando o uso da pele animal para a transformação em couro era bastante comum. Os cientistas buscavam formas de conservação, no entanto as técnicas eram muito rústicas.
O naturalista novaiorquino Carl Akeley, que faleceu em 1926, é considerado o pai da taxidermia moderna. Ele trouxe uma estrutura usada até hoje pelos profissionais e que transformou a área em uma forma de arte. Assim, não basta apresentar o animal, é preciso criar uma narrativa para que ele possa ser compreendido em seu contexto.
Como dissemos, no início eram usados materiais como barro e palha para moldar o corpo dos animais. Atualmente, a técnica conta com recursos como algodão, espuma e poliuretano, que permitem melhores resultados.
Como funciona?
Em países como os Estados Unidos e o Canadá, a técnica é bastante comum, especialmente por conta da caça ser legalizada. Já no Brasil, existem leis mais rigorosas, que permitem o acesso à fauna silvestre e exótica apenas para instituições cadastradas e com a fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Nenhum animal é morto com a finalidade de ser taxidermizado. Existem, inclusive, determinações na Lei de Crimes Ambientais que impedem os maus-tratos e garantem um tratamento ético a todas as espécies. É possível observar a causa da morte ao receber um espécime e avaliar se isso aconteceu de maneira criminosa.
Dessa forma, eles são levados aos laboratórios já mortos e são usados para favorecer a educação. Com isso, a taxidermia evita a invasão dos seus habitats para estudos e permite a sua conservação.
Os profissionais devem usar Equipamento de Proteção Individual (EPI) para evitar a contaminação, afinal, o material biológico silvestre oferece riscos às pessoas. É preciso ter conhecimento de várias subáreas da biologia, da química e de áreas afins, além de ter habilidades específicas para aplicar as técnicas.
A escolha da forma ideal para fazer o procedimento é definida conforme o objetivo. Em peças para exibição em museus e institutos educacionais, o habitat é recriado e as poses são mais próximas da forma como o animal seria encontrado na natureza. Eles também recebem uma maquiagem para que pareçam estar vivos. Por outro lado, para os estudos científicos, a posição deve priorizar a observação dos detalhes.
Quanto tempo demora a taxidermização?
O tempo necessário para que um animal fique pronto varia de acordo com a complexidade, o tamanho e também o estado da sua pele quando ele chega ao laboratório. Um peixe pequeno, por exemplo, pode levar um dia inteiro para que seja reconstruído. Já espécies maiores, como cavalos ou elefantes, levam meses ou até anos para ficarem prontos.
Após a finalização, é importante manter alguns cuidados para evitar o surgimento de micro-organismos, pois, apesar de receber um tratamento minucioso, ainda se trata de material orgânico. Por isso, a recomendação é que seja feita uma manutenção trimestral, de modo a garantir a segurança.
O animal taxidermizado pode durar muitos anos, não existe um prazo de validade determinado. As condições do ambiente e os cuidados de manutenção recebidos é que definem a sua durabilidade.
Taxidermia pode ser feita em animais domésticos?
Como dissemos, em alguns países a taxidermia é muito usada para a decoração de casas, com animais que foram caçados. Por meio dessa técnica é possível fazer as famosas cabeças de animais que são colocadas na parede, comumente vistas em filmes. Contudo, no Brasil, não é permitido ter animais silvestres em casa.
Por sua vez, algumas pessoas procuram esse trabalho para animais domésticos que morreram. É importante destacar que isso nunca deve ser feito por conta própria. Já mostramos que existem muitos cuidados para a segurança dos profissionais, que evitam a contaminação. Ao tentar fazer isso em casa, você se expõe a diversos riscos.
Se a sua intenção é eternizar um bichinho querido, a melhor alternativa é procurar um taxidermista, mas é preciso ter em mente que se trata de um procedimento com alto custo.
Taxidermia pode ser feita em humanos?
Pela perspectiva científica, não existe impedimento para que a taxidermia seja feita em humanos. Porém, os aspectos éticos e legais fazem com que não seja uma boa ideia. Seriam necessárias as autorizações da justiça e da família. Além disso, no caso dos animais, a pelagem, as escamas ou as penas impedem que as costuras sejam vistas, o que não seria possível em humanos.
Para a conservação de pessoas após a morte são usadas técnicas de tanatoplaxia, também conhecida como embalsamamento. Ela permite velórios mais longos ou o transporte aéreo do corpo e já foi usada em casos excepcionais para a exposição.
Quais são as técnicas utilizadas?
Para compreender o que é taxidermia, é preciso conhecer algumas técnicas usadas no procedimento. Os conhecimentos em biologia são muito importantes para a fidelidade da modelagem, contudo não é uma exigência que o profissional tenha formação na área.
São combinadas técnicas de carpintaria, marcenaria, modelagem e fundição, o que exige muitas habilidades manuais e paciência. A especialização em classes de animais é importante para a reprodução das características particulares, por isso existem taxidermistas que são mais voltados para répteis, outros para mamíferos e assim por diante.
Também é um trabalho artístico, com isso, dentro das normas de segurança e ética, o profissional desenvolve suas próprias técnicas, que podem virar uma assinatura. A preparação demanda diferentes procedimentos, como montagem em série, montagem para exposição, diafanização, infiltração em parafina, entre outros.
Particularidades do profissional
A área de atuação é muito específica, e o profissional precisa desenvolver os conhecimentos necessários para a aplicação das técnicas. Algumas universidades oferecem o curso como parte da graduação ou como capacitação.
Não é preciso ter nível superior para isso, e leva-se aproximadamente um ano para receber a certificação. O ideal é que seja uma pessoa muito detalhista, para chegar ao resultado mais fiel possível.
Para atuar na área, é importante ter tranquilidade para lidar com situações repulsivas, pois algumas técnicas podem ser difíceis de se aplicar. Para a conservação de ossos, por exemplo, são usados deméters, ou seja, insetos que se alimentam da carne — o que pode ser muito desagradável de se presenciar. A remoção de órgãos e tecidos é outro procedimento que costuma causar desconfortos em pessoas mais sensíveis.
Como a prática é feita hoje em dia?
Se antes os animais eram recebidos sem muitos cuidados e os profissionais ficavam expostos a diversos riscos, atualmente existe um grande controle para garantir a segurança e a ética no processo.
Antigamente, eram usados produtos agressivos, como o sabão arsenical, que é altamente tóxico e com uso contínuo chega a ser letal. Por isso, nessa época, era comum que os taxidermistas desenvolvessem doenças por contato com essas substâncias.
Com a modernização da técnica, o produto feito com arsênico foi substituído pelo sal Tetraborato de sódio, que é igualmente eficaz e oferece menos riscos no manuseio. Além disso, como já mencionamos, é obrigatório o uso dos EPIs.
As etapas da taxidermia
Geralmente os laboratórios de taxidermia contam com parcerias com órgãos governamentais, como a Polícia Militar Ambiental e o Ibama, para o recolhimento dos animais que morrem em área aberta ou são atropelados. Existem normas a serem cumpridas para garantir que o procedimento seja feito dentro da lei.
Depois de recebidos, eles são direcionados ao setor específico por classificação (aves, mamíferos, etc.) e passam por um processo cuidadoso de preparação. Os profissionais fazem a triagem para avaliar se o animal está em condições de ser taxidermizado. Em seguida, a equipe analisa se existe algum parasita e aufere as medidas e o peso para que ele possa ser encaminhado para o preenchimento.
A pele recebe um cuidado especial de limpeza e conservação com produtos químicos. É feita a sua estrutura interna, inclusive com a criação de um novo esqueleto. O animal passa por todo o processo de modelagem, e o acabamento é feito por costura ou colagem. Para finalizar, ele precisa ser completamente seco, o que faz com que se torne mais rígido.
Como é a prática de taxidermia no Brasil?
Como mencionamos, no Brasil, a taxidermia segue as determinações da Lei de Crimes Ambientais. Não existe uma menção direta ao procedimento, porém as regras para a proteção dos animais contra os maus-tratos e a exploração de espécies silvestres ajudam a orientar a prática da conservação e o uso pedagógico.
No país, o procedimento tem um papel muito importante para a educação ambiental. Os animais empalhados podem ser observados em museus de história natural, institutos de pesquisa e instituições de ensino. Os educadores conseguem um trabalho mais rico quando contam com os espécimes para observação e toque.
As especificidades brasileiras, como a diversidade da fauna e a necessidade de uma educação ambiental para a preservação, tornam a taxidermia fundamental para conscientizar os cidadãos. Por não ser uma prática comum no país, ela fica mais restrita às universidades e aos centros de pesquisa. Também é um recurso importante para oferecer a experiência tátil aos estudantes cegos ou com baixa visão, o que melhora o seu aprendizado.
Agora você sabe mais sobre a taxidermia, o que é, a sua função e como ela ajuda na educação ambiental. Apesar de ter um nome estranho e ser ainda desconhecida em nosso país, é uma técnica usada há muitos anos e tem um papel crucial na compreensão da história da vida na Terra.
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